Empresário volta ao mercado com empreendimento em Moreno
Cinco anos depois de vender a Vitarella para o grupo cearense M. Dias Branco, o empresário pernambucano Gerson Lucena prepara sua volta ao mercado de biscoitos. A troca de comando da marca em 2008 foi considera da a maior transação entre empresas nordestinas até então, envolvendo valores acima de meio bilhão de reais, 15 anos depois de a empresa estrear no mercado(em 1993).
Hoje, o grupo GL Empreendimentos, de propriedade de Lucena, está construindo uma indústria alimentícia no município de Moreno, na Região Metropolitana do Recife.O investimento acontece justamente depois de expirar o prazo de quarentena,de meia década, em que o industrial se comprometeu em contrato em não investir no segmento de massas e biscoitos. O grupo foi procurado e um executivo da empresa confirmou a obra no município, mas não deu mais detalhes sobre a construção. Segundo informações obtidas pelos agentes envolvidos na liberação do empreendimento, o grupo investidor comprou um terreno de 32 hectares (32 mil metros quadrados) numa área por trás do posto da Polícia Rodoviária Federal(PRF) em Moreno. As obras são bem visíveis por quem passa pela rodovia BR-232. Foram investidos cerca de R$ 8 milhões na compra do terreno e mais 30% desse valor (R$ 2,4 milhões) nas obras de terraplenagem. A área foi adquirida em dezembro e em janeiro já começaram os trabalhos. Depois de pronta, a fábrica deverá gerar 300 empregos diretos. O grupo escolheu o município pelas vantagens fiscais. Moreno tem uma alíquota de 2% de Imposto Sobre Serviços (ISS), bem mais baixa que a praticada pela cidade do Recife, de 5%. Além disso, o grupo foi atraído pelas obras do Arco Metropolitano, que depois de pronto vai resolver o problema de logística das empresas na porção oeste da Região Metropolitana. Gerson Lucena começou nos negócios quando ainda era estudante de engenharia civil. Aos 20 anos de idade, em 1979, fundou, com o apoio do pai, a fábrica de pré-moldados de concreto Cimento Timbi Ltda, no município de Camaragibe. Na década seguinte, ampliou os investimentos e montou a Cerâmica Camaragibe. No início dos anos 90 passou a investir no segmento de distribuição de combustíveis, mas o reconhecimento como um empreendedor com faro para grandes negócios aconteceu mesmo apartir de 1993, quando fundou a Indústria de Alimentos Bomgosto Ltda, sob a marca Vitarella. O negócio, que iniciou com 34 funcionários, era operado num galpão industrial de 2 mil m². Rapidamente, a marca ganhou a liderança local no segmento de massas e em apenas dois anos já era líder nos Estados de Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Rio Grande do Norte. Em 1998, a empresa lançou uma das marcas mais conhecidas do público nordestino, o Biscoito Treloso e nos anos seguintes ampliou sua produção no segmento de biscoitos, com destaque para a bolacha creamcracker, até chegarem 2008 com um dos maiores parques industriais do Nordeste, com mais de 20 mil metros quadrados. Quando foi comprada pela M. Dias Branco, a Vitarella foi avaliada em R$ 868,6 milhões, com um potencial de fluxo de caixa descontado de mais de US$ 40 milhões em 2008. Depois de integrada ao grupo cearense, a marca passou a representar mais de 25% do negócio no segmento de massas. Atualmente, a M. Dias Branco tem cerca de 26% do mercado brasileiro de biscoitos e massas e registrou uma receita líquida de R$948, 4 milhões no primeiro trimestre deste ano, somando cerca de 200 mil toneladas vendidas dos dois produtos no período.
Publicado por Jornal do Commércio na data de 19/06/2013 às 10:43 e impresso na data de 23/11/2024. |