Mais 1,5 mil empregos

Uma das maiores fabricantes de cintos da América Latina, a paulista J. Shayeb, está chegando a Moreno, Região Metropolitana do Recife. Dentro de aproximadamente 60 dias, deverá ser instalada no município uma central de distribuição de bolsas, cintos e carteiras, com investimento de cerca de R$ 40 milhões. Num prazo de dois a três anos, a ideia é implantar também uma fábrica de laminados sintéticos para atender à indústria da moda. O projeto todo está orçado em até R$ 120 milhões, com previsão de gerar 1,5 mil empregos diretos.

A J. Shayeb está no mercado desde 1954 e é dona das marcas Cintos América, América Kouros, Sândalo Couros, Windy Cintos, Venice Cintos Bolsas e Carteiras e Vogue Collection. Está baseada em Bauru (SP), onde mantém uma fábrica e uma central de distribuição. Entretanto, lá é produzida apenas uma parte dos cintos que comercializa. O grosso - 1 milhão de cintos e até 300 mil bolsas por mês - é fabricado na China, onde a empresa emprega quase três mil pessoas.

Segundo o diretor de Produção da J. Shayeb, Henry Emil Shayeb, a maior parte da produção foi transferida para o exterior há oito anos porque a empresa não estava conseguindo competir com a própria China. Motivo: mão de obra muito mais barata. "Atuar na China foi uma forma de ganharmos competitividade e, ao mesmo tempo, conseguirmos manter os empregos no Brasil", afirmou ontem o executivo, ao assinar o protocolo de intenções com o governo do estado no Palácio do Campo das Princesas.

Henry Emil diz que a expansão para o Nordeste vai ocorrer em duas etapas para que a empresa sinta a resposta do mercado. "Estamos muito confiantes de que a resposta será boa. Nosso desejo é voltar a fabricar bolsas no Brasil e isso poderá ocorrer em Moreno, gerando até 60% a mais de empregos em relação ao que geramos em Bauru", destacou. A intenção da empresa é utilizar matéria-prima local. "Soubemos que há vários curtumes em Pernambuco", completou.

Para o governador Eduardo Campos, a chegada da J. Shayeb a Moreno marca a retomada do setor de calçados e artefatos de couro em Pernambuco. "O polo de calçados vai se restabelecer com força e competitividade global, acompanhando as mudanças que aconteceram nesse setor nos últimos 20 ou 30 anos. Vamos, aos poucos, trazer para o Brasil esses empregos que estamos exportando para a China", discursou, lembrando que o setor é intensivo em mão de obra.

O secretário de Desenvolvimento Econômico, Fernando Bezerra Coelho, acrescentou que Pernambuco perdeu muitos empreendimentos desse segmento para outros estados, sobretudo nos anos 1990 e 2000, mas finalmente conseguiu ajustar seu programa de incentivos. "Fizemos um forte trabalho de prospecção, visitando fábricas em estados como São Paulo e Rio Grande do Sul. Esse investimento representa uma oportunidade grande para o estado", disse. Em abril, foram confirmadas para Moreno uma fábrica de casas pré-moldadas da BS Construtora e outra de polímeros para o segmento agrícola.

Publicado por Micheline Batista/Diário de Pernambuco na data de 06/08/2010 às 07:50 e impresso na data de 21/11/2024.