página principal » cidade de Moreno » Do Engenho à Cidade

O inicio da história

A história do município teve origem em 1616 com a chegada dos irmãos portugueses Baltazar e Gaspar Gonçalves Moreno, que compraram de um judeu converso o Engenho Catende (Nossa Senhora da Apresentação) na Ribeira do Jaboatão, instalando ali uma fábrica de açucar, passando por vários proprietários, até chegar às mãos da Família Souza Leão, em 1850.

O arraial Catende

Teve origem em 1907, com a aquisição pela Societé Belge-Brasilienne (Empresa Textil, com sede na Antuérpia, Bélgica) de 1.400 hectares de terra do Engenho Catende, de propriedade do Cel. Antonio de Souza Leão Filho, herdeiro do Barão de Morenos, que adquiriu de um primo, em 1875.

Vila Nathan

A S.C.B.B. (Societé Cotonnière Belge-Brasilienne) foi inaugurada no dia 13 de maio de 1910, e em homenagem a um de seus diretores, o judeu Allen C. Nathan, que se distinguiu na implantação da fábrica, foi dado o nome de Natham ao pequeno povoado.

Vila de Morenos

Por força de Lei Municipal Nº 126 de 08 de março de 1920, foi criado o Distrito, com a denominação de VILA de Morenos, pertencente ao município de Jaboatão.

O feudo

O pequeno Arraial de Catende, formado em torno de uma primitiva fábrica têxtil, com sua gente simples, pacata e ordeira, transformou-se em um Feudo da S.C.B.B. (dirigido por ingleses, franceses, holandeses e belgas) Que mantinha a Escola, a Igreja, o Cemetério, a Banda de Música, a Energia Elétrica, Assistência médico-odontológicas, o Campo de Futebol, os Clubes Recreativos, a Vila Operária (uma das mais bonitas do estado, com suas casa em estilo belga) constituindo-se o fator primordial do surto de progresso da terra.

Metrópole dos Eucaliptos

Nas décadas de 20 a 50 a S.C.B.B. desenvolveu o plantio de eucaliptos, oriundos da Austrália (mais de dois milhões de pés) que invadio o ar morenense com o seu agradável cheiro, o que valeu a cidade o renome de "Metrópole dos Eucaliptos". Depois de uma campanha sem tréguas, liderada pelo jornalista João Carneiro da Cunha e outros líderes comunitários e vencer galhardamente, ocultas e poderosas forças políticas, a pequena Vila foi, enfim, elevada à categoria da Cidade. Sob a denominação de: Cidade de Morenos, através da Lei Estadual Nº 1931, de 11 de setembro de 1928, sancionada pelo então Governador do Estado Dr. Estácio de Albuquerque Coimbra. Cidade do Moreno, o topônimo Morenos foi simplificado para Moreno pelo Decreto Lei Nº 235 de 09 de dezembro de 1938, sob alegação do jornalista e historiógrafo Mário Melo, de que o antigo proprietário do histórico Engenho Catende (1616) foi o portugues Baltazar Gonçalves Moreno, de onde lhe vem o nome.

1ª Escola: "Externato Cotonnière" mantida pela fábrica para os filhos dos operérios do Arraial Catende, em 1908, sendo sua primeira diretora a Profª Laura da Silva Freitas.

1ª Igreja: Capela de São Sebastião (1745) construída por trás da Casa Grande do Engenho Catende, por Domingos Bezerra Cavalcanti, seu então proprietário. Foi Matriz até 1930.

1º Grupo Escolar Estadual: Sofronio Portela (29 de setembro de 1946), sendo sua primeira Diretora, a Sra Hilda de freitas Xavier, seguindo-se por Targélia Peixoto e a escritora e poetisa Brandina Rocha, com excelente atuação pedagógica.

1º Ginásio Estadual do Moreno: 1º de março de 1966, foi criada por força de um abaixo-assinado da comunidade, sob a liderança da Professora Brandina Rocha e seus alunos. O citado Ginásio (hoje, Escola Cardeal D. Jaime Câmara) ficou sob a direção do Padre Antonio Rufino de Melo e Silva. Assumindo a direção, logo após a sua inauguração, a Profª Brandina Rocha.


1ª Lei

O conselho municipal de Morenos decreta:

Art. 1º - o orçamento desta município, para o exercício financeiro de 1929, é fixado em 77.000$000 (setenta e sete contos de réis).

Art. 2º - revogam-se as disposições em contrário.

Sala das Sessões d Conselho Municipal de Morenos, em 29 de novembro de 1928.

Antonio de Souza Leão - Presidente
João Vieira da Cunha - 1º Secretário
Cândido de Moraes Filho - 2º Secretário
Publique-se:
Euclides José de Souza Leão - Prefeito

Emancipação e Vila Operária

11 de setembro de 1928: libertação de um povo que, explorado por mais de dezoito anos, acordou para uma realidade de progresso

Há 50 anos, os habitantes do povoado de Catende, elevados à categoria de Vila de Morenos lutavam desesperadamente por sua emancipação política. A Prefeitura de Jaboatão arrecadava, pontualmente, impostos e taxas, mas não dava nenhuma atenção ou assistência aos munícipes aqui residentes. A SOCIETÉ COTONIÈRE BELGE-BRÉSILIENNE S.A era a razão de ser do povoado de Catende. Igreja, cemitério, luz, centenas de residências, campos de futebol, clubes recreativos, bandas de músicas, assistência médica-odontológica, tudo era mantido pela empresa que se organizara em Antuérpia (Bélgica).

Nos primeiros dias de mês de julho de 1928, correra notícia de que poderosas forças ocultas eram contrárias a nossa emancipação política, convindo salientar que o Coronel Francisco Brandão Cavalcanti, prefeito do município vizinho, e o dr. Luiz de Gonzaga Maranhão, proprietário do Engenho Macujé e influente chefe político da terra de Bernado Vieira de Melo, não se mostravam desfavoráveis às nossas pretensões. A oposição partira dos políticos profissionais que manipulavam o eleitorado morenense. Então, todo mundo começou a exigir a libertação da Vila de Morenos. Industria, comércio, agricultura, operariado, intelectuais e estudantes formaram uma corrente pra frente.

O autor desta monografia (que militava na imprensa local de primeiro de janeiro de 1922, quando circulou o primeiro número do CORREIO DE MORENOS) botou a boca no trombone. Procurou o dr. José Vicente Lopes Vilas Boas, advogado da fábrica e jornalista; dr. Antonio de Souza Leão, proprietário do Engenho Morenos (neto do Barão); médico José Paulo de Aguiar, farmacêutico Cândido de Moraes Filho, senhor de engenho Elviro de Souza Leão e srs. Luiz Benedito Ferreira da Silva e João Joaquim Pequeno.

Formou-se uma comissão para ir ao Palácio da Praça da República (hoje Campos das Princesas) a fim de ter um entendimento com o governador Estácio de Albuquerque Coimbra. Sua excelência confirmou que sérios obstáculos se antepunham à criação do novo município. Obra de inimigos gratuitos da Vila que se formara em torno de uma tosca chaminé de fábrica de tecidos de algodão, causando inveja e muitas cidades pernambucanas. O culto e integro estadista dos Barreiros (ex-vice-presidente da República, injustiçado até hoje, por prefeitos e vereadores) após meia hora de audiência, ouvindo com atenção os nossos componentes da nossa delegação, disse-lhes: "A Vila de Morenos será incluída na relação dos novos municípios".

E a promessa foi cumprida. A Lei Estadual Nº 1.931 de 11 de setembro de 1928, criou o município de Morenos (topônimo simplificado pelo Decreto-Lei Nº 235, de 09 de dezembro de 1938), retirando 185 km² do município de Jaboatão e concedendo à sede municipal foros de cidade.

Casinhas azuis, brancas e vermelhas aparecem ao longe como fileiras arquitetônicas de uma vila infantil

Pinto Filho, brilhante jornalista, enviado pelo DIÁRIO DE NOTÍCIAS, do Rio de Janeiro, esteve entre nós, nos últimos meses de 1928, dizendo coisas bonitas sobre a “vila colorida, surgindo entre a vegetação opulenta como um verdadeiro presépio”.

Linda, a VILA MORENOS. MORENOS, a encantadora MORENOS que sorri ao viajante que chega como o sorriso aberto e franco dos felizes. A estrada de rodagem torna-se mais suave à proporção que ela se aproxima. E não é apenas ilusão. A estrada, naquele trecho, está, realmente, mais conservada que em qualquer outro. O auto voa vertiginosamente e, em breve, passa em frente às grandiosas construções que tanto nos encantam. Temperatura fresca e agradável.

A verdura canta um hino de beleza. O forasteiro contem uma exclamação diante daquele quadro tão simples e tão impressionantemente formoso. O auto corta as duas alas de casas e sobe o dorso da estrada. Outras e mais encantadoras habitações aparecem para prazer dos nossos olhos.Todas pequeninas, felizes como uma alvorada de verão. São os dois ou três tipos, divididas em grupos uniformes.

Uma vila operária, está se vendo. Muito bem tratada, bem arranjada, limpa por fora, como se vê. Algumas mostram o capricho dos seus habitantes pela harmonia do ajardinamento. Um verdadeiro encanto. Isso dito em Pernambuco, bastaria para que se soubesse que estabelecimento é esse que tanta beleza empresta a uma vila brasileira. No sul do país,porém, pouca gente conhece qual a empresa fabril que está localizada em MORENOS. Trata-se da SOCIÉTÉ CONTONNIÉRE BELGE-BRESILIENNE S.A.

Texto de João Carneiro da Cunha, retirado do livro Moreno 50 anos 1928 a 1978.

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Curiosidades
1977 - 31 de dezembro. Casas cadastradas (Prefeitura Municipal do Moreno). Na sede do município – 3.422 residenciais (particulares), 82 comerciais (particulares), 08 para diversos fins e 491 de propriedade do COTONIFÍCIO MORENO S. A. (residenciais e comerciais). No povoado de Tapera – 424 residenciais (particulares) e 18 comerciais (particulares). Em MASSARANDUBA – 62.
1920 - Criação, em 25 de agosto, pelo padre Edmundo Kleipool, da ESCOLA PAROQUIAL, funcionando na capela do Engenho CATENDE, (o padre Edmundo foi o primeiro vigário da nossa paróquia, tomando posse em 1° de fevereiro de 1919; faleceu no dia 09 de junho de 1958). Sua primeira professora dói dona Severina Almeida Rocha (SEVY), recém-chegada do Recife.
1933 - Falece, no dia 04 de novembro, o britânico Harold William Atkinson, superintendente da SOCIÉTÉ CONTONNIÉRE BELGE-BRESILIENNSE S. A., e grande incentivador do nosso progresso.
1974 - 27 de abril. Começa a funcionar em prédio próprio, a ESCOLA CARDEAL DOM JAIME CÂMARA – Ensino de 1° e 2° grau.
1950 - Inauguração da ALGODOEIRA UNIÃO DO BRASIL S. A. (antecessora da TECELAGEM PARAHYBA DO NORDESTE S. A. unidades I e II). Fábrica de cobertores.
1947 - Inauguração, em 06 de novembro, do Matadouro Público, pelo prefeito Antonio Pereira do Nascimento (construído na administração Henrique Barbosa da Paz Portela).
1933 - Fundação do ESPORTE CLUBE JOÃO PESSOA. 07 de agosto.
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